A foto da direita é de junho de 1999, meu primeiro dia na Record TV. Eu tinha 24 anos e foi meu terceiro emprego, o segundo como jornalista.
Pouco experiente e insegura, estreei minha primeira reportagem em rede nacional dias depois.
Na época, eu acreditava que devia vestir a camisa da empresa, dar sangue pelo meu trabalho. Coloquei minha vida e a de todos que amo em último lugar. Era um sacrifício necessário.
Vivi um período de grandes aprendizados. Conheci ícones do jornalismo, como Boris Casoy, Paulo Henrique Amorim e Celso Freitas, entrevistei presidentes da república e campeões mundiais, entre outras personalidades, e milhares de pessoas como você, que lê este texto, e eu.
E foi no dia a dia testemunhando tragédias, contando histórias sob os mais diferentes ângulos e me surpreendendo com a realidade por trás das câmeras, que eu entendi que era hora de me ressignificar.
Eu sentia falta do trivial, do dia a dia com minha família, com meu namorado (hoje meu marido), com meus amigos. Passei a sofrer por tudo o que eu estava deixando de viver e que, para alguns, era considerado bobagem, "coisa de gente comum".
O meu drama se agravou quando fui chamada pela direção geral de jornalismo da emissora para uma nova missão. Eu sabia que, se dissesse sim, ficaria "presa" naquele cotidiano por mais alguns anos ou para sempre.
Eu tinha que escolher entre tentar um recomeço na minha terra natal, Pouso Alegre (MG), e uma promoção. E não havia campo de trabalho para jornalistas na minha cidade. As poucas vagas estavam entre 100km e 140km de distância.
Precisei ser ágil para não perder a coragem de partir e percebi que ter aprendido a "vestir a camisa" com meu nome sob a camisa da empresa enquanto eu era CLT (funcionária), o que chamamos de intraempreendedorismo, foi essencial para a primeira transição de carreira dar certo. E é extremamente importante até hoje, pois iniciei networking de qualidade lá atrás.
Dezoito anos se passaram e eis minha nova versão na foto da esquerda, tirada há menos de um mês em uma palestra sobre intraempreendedorismo realizada na unidade da multinacional XCMG na minha cidade.
Pois é, nosso município, com pouco mais de 162 mil habitantes (IBGE, 2022), também se desenvolveu bastante nas últimas duas décadas e é o endereço de unidades de outras empresas gigantes como Unilever, General Mills, Biolab e Cimed (fabricante do hidratante labial Carmed Fini, lançamento que "bombou" nos últimos dias).
Muita coisa mudou por aqui e no mundo, sobretudo após a pandemia, e, se eu não tivesse seguido meu coração, me atualizado e investido em intraempreendedorismo mesmo antes de eu saber o significado da palavra, talvez eu estivesse fazendo as mesmas tarefas de quando eu tinha 24 anos.
Há muitas histórias de superação nesse caminho, duas transições de carreira, um mestrado, 16 anos como professora e pesquisadora no ensino superior, um MBA Executivo, mais de 15 anos de networking, muitos cursos livres e parcerias e, principalmente, a certeza de que não quero parar por aqui.
A melhor parte? Convivo com quem amo, me casei, tenho duas filhas, construí minha marca, montei meu próprio negócio e aprendi a equilibrar vida e trabalho. Não é um conto de fadas e não me esforço para isso. Mas sei que esta é a vida real que eu gostaria de ter e consegui concretizar.
Não preciso mais ter que escolher entre realização profissional e pessoal. Para mim, o auge está em viver o melhor que posso desses dois mundos e não ser figurante em um deles.
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